Reservatório metálico da
Hidráulica em Rio Grande foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico do Estado do Rio Grande do Sul
|
Reservatório no século 19, responsável pela contenção
de água potável para uma população de 20 mil habitantes |
|
Reservatório atualmente onde funciona a Coordenadoria Operacional de Rio Grande |
O reservatório metálico da
Companhia Rio-grandense de Saneamento – CORSAN, foi tombado pelo
Instituto do Patrimônio e Artístico do Estado (IPHAE) e passa a fazer
parte do rol de bens de alta significância para o patrimônio do estado do Rio
Grande do Sul, pela sua importância histórica e arquitetônica.
O comunicado foi recebido pelo
superintendente regional da Companhia Ricardo Freitas, através de ofício do
Secretário de Cultura do Estado Luis Antônio Assis Brasil e conforme Portaria
de Tombamento nº 051/2013, publicada no Diário Oficial do Estado,em 21/08/2013.
Para o superintendente regional
da Corsan, a notícia foi recebida com muita satisfação pois conforme ele, a
solicitação foi protocolada há aproximadamente um ano, juntamente com o pedido
de tombamento nacional no IPHAN.
“ Com o tombamento estadual e
nacional, garantimos a preservação deste bem que faz parte da história do
saneamento no Rio Grande do Sul e no País “
HISTÓRICO DO RESERVATÓRIO
Conhecido também como Caixa D’Água da Hidráulica, o mais antigo reservatório em
operação no Estado do Rio Grande do Sul foi construído em 1873, utilizando as
técnicas mais avançadas do século XIX. Teve como finalidade alavancar as
atividades portuárias com o fornecimento de água tratada para a cidade de Rio
Grande. A construção foi executada em ferro com traçados orientais. O material
foi importado da Inglaterra por via marítima. O reservatório metálico
representou, na época, um avanço técnico no abastecimento de água no Brasil.
Para Solismar Martins (Cidade do Rio Grande: industrialização e urbanidade),
o reservatório da Hidráulica foi a solução do problema da obtenção e contenção
de água potável, recurso natural de difícil aquisição, devido à inexistência de
cursos d’água significativos, mesmo tratando-se do abastecimento de uma
população de pouco mais de 20.000 habitantes no final do século XIX. Após
várias tentativas de obter água por meio de poços artesianos em vários locais
da cidade, em 1870 foi firmado entre o governo da província e a empresa Higino
Corrêa Durão & João Frick um contrato para o estabelecimento da primeira
captação e rede de distribuição de água. Foi fundada a Companhia Hidráulica
Rio-Grandense e erguida a caixa d’água da Hidráulica, no estilo Art Nouveau,
em 1879, a três quilômetros da cidade velha, sobre um terreno de 100 hectares.
O reservatório metálico com capacidade para 1.500.000 litros foi erguido de
forma que ficasse eqüidistante entre as duas margens do pontal arenoso onde
está a cidade. Esta localização foi estrategicamente pensada como forma de
tentar evitar a salinização da água obtida, seja pelas águas do Saco da
Mangueira, ao sul, seja do Canal do Norte. Verifica-se hoje que houve no passar
de mais de um século um aterramento maior na parte do pontal ao norte da caixa
d’água e o Saco da Mangueira. Uma outra opção estudada pelos técnicos na época
era a da implantação do reservatório da Ilha dos Marinheiros, o que exigia
maiores recursos financeiros para execução.
Fortunato
Pimentel (Aspectos do Município do Rio Grande) informa que a caixa
d’água foi erguida sobre colunas de ferro fundido com 22,80cm de diâmetro e
altura de quatro metros sobre o fundo, estando este a 10 metros de altura em
relação ao nível do terreno. Outras estruturas foram construídas como uma
galeria circundante ao reservatório, assim como as bombas aspirantes e calcantes
que levavam a água captada ao reservatório por meio de motores de 18 HP. Além
disso, 27.616 metros de tubulação foram instalados para distribuição da água,
divididos em tubos de nove, cinco e três polegadas. O reservatório foi erguido
com sua frente voltada para o Parque Rio-Grandense, atual espaço ocupado pelo
Parque do Trabalhador. Esta área também tem uma importância
histórico-arqueológica, pois nestas imediações existiu a maior fortificação
militar já construída em Rio Grande a partir do final de 1737, o Forte de
Sant’Anna do Estreito, uma linha defesa que ligava o Saco da Mangueira com a
Lagoa dos Patos, sendo constituída por dezenas de canhões. O local continuou a
ser estratégico, pois no final do século 19, foi nas imediações da Hidráulica,
que tropas republicanas organizaram a defesa da cidade durante a Revolução
Federalista no ano de 1894.